sexta-feira, 20 de março de 2009

Por entre construções

Quando entrei pela primeira vez naquela sala, tão grande em sua maioria e tão vasta em sua população senti um misto de ansiedade e minhas pernas tremiam como se estivesse entrando pela primeira vez em uma sala de aula, com minhas meias 3/4 e uma lancheira rosa. E tudo que eu precisava era de uma dose de rum com bastante gelo e um par de cigarros para poder rir facilmente e falar algumas besteiras. Ao sentar lá no fundão (o que foi péssimo, já que não enxergo quase nada de longe) olhei para o lado e percebi que quase todos estavam de bota ponta de aço, e eu de salto alto. Bola fora. Afinal não vou entrar em uma construção de salto alto. O professor começou a falar sobre a história das construções e eu tão apreensiva não conseguia assimilar nada com nada, e tudo que eu pensava era o que ia falar na hora da apresentação da turma. Na hora nem ouvia o nome de ninguém, ansiosa por chegar a minha vez. Falei rápido e até alto demais, praticamente gritei meu nome (mais de nervoso mesmo e não pra ser notada). Na hora do intervalo pensei: "O que que eu tô fazendo aqui?" Quis de novo o meu recreio em um pátio enorme acompanhada das minhas antigas pessoas... Pensei em desistir e virar hippie, construir uma casinha lá no pé da serra e sair correndo dali. Mas a crise passou (foi obrigada praticamente!) e sem ela vieram as vigas, estruturas e o desenho arquitetônico. A vontade de aproveitar cada instante daquilo e me enfiar dentro de uma construção, mas dessa vez de bota, e sair analisando tudo. E engraçado como as primeiras impressões definitivamente não são a que ficam. Da menina barraqueira a mais legal da sala, do 'tarado' ao irreverente, do tímido a inteligência e do tagarela ao meigo. Fui de um oposto ao outro em questão de dias. E percebi como essas novas pessoas têm um pouco das antigas. Ou talvez eu tenha idealizado-as para que elas ficassem mais próximas. Só o que sei é que ainda não desisti de construir minha casinha lá no pé da serra, pra poder tomar bastante pinga e tocar viola até amanhecer.

3 comentários:

  1. Aaah, primeiro dia de faculdade é assim msm !
    Da um frio na barriga !!

    Bj bj Gabi !

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  2. adorei seu jeito excêntrico de escrever sempre com um tok de nostalgia,confesso q apesar das experiencia da vida me senti mais ou menos assim tbm no meu primeiro dia no cefet...um abraço

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  3. Às vezes penso q no final deste curso vc vai acabar escrevendo um livro.... uma grande história de amor entre um grande edifício moderno de 30 andares que se apaixonou por um sobradinho antigo do século passado, só pra bagunçar essa história e misturar Gabi com Edificações(rsss). Mas não foi só vc que entrou de salto nessa brincadeira, e nem aconselho que vc os tire, vou com os meus até o final, vamos precisar deles, o maior desafio está em ser diferente; e se precisam de alguém para quebrar paradigmas...
    Vamos juntas até o fim... se é q ele existe nesta longa jornada de cimento, tubos, ferragens, ceramicas e tintas.
    Grande beijo amiga... especial!

    Dani

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